sábado, 21 de agosto de 2010

Festival falhado deixa rasto de burla em Vila Real

Quando Pedro Abrunhosa cancelou espectáculo por incumprimento do contrato, o público descobriu que os organizadores do Querido Mês de Agosto tinham desaparecido

Centenas de pessoas foram burladas pela organização do festival de música portuguesa Querido Mês de Agosto, anunciado para este fim-de-semana, em Vila Real.

Segundo os organizadores, deveriam actuar Pedro Abrunhosa, Rita Guerra, Manuel Gameiro e João Pedro Pais. No entanto, logo no primeiro dia (quinta-feira), as cerca de 400 pessoas que adquiriram bilhetes (10 euros, eram30 euros quatro dias) constataram que Pedro Abrunhosa não iria actuar, apesar de estar presente, por incumprimento do contrato.

No dia da apresentação (13 deste mês), no salão nobre da câmara municipal, Flávio Medeiros, da organização, anunciou uma previsão para os quatro espectáculos de 140 mil pessoas, considerado um exagerado por promotores locais de espectáculos. Receio confirmado: no primeiro dia, apenas 400 pessoas compraram bilhete.

Após o cancelamento, os espectadores dirigiram-se às bilheteiras para reaverem o dinheiro, mas os elementos da organização já não se encontravam no local.

Mas não foram apenas enganados os espectadores: o Alambres Spot Clube, que alugou o campo de futebol para o festival, diz-se lesado em cerca de dez mil euros. Armindo Rebelo, vice-presidente da direcção, afirmou ao DN: "Cinco mil euros era o contrato para o aluguer do recinto, mais 3500 euros pela cedência do edifício-sede onde funcionaria a zona VIP e 3000 euros para arranjo do campo após o festival. Nada nos pagaram e ainda roubaram todas as garrafas de whisky e champanhe, (cerca de 50) que estavam no bar."

Sabe o DN que o contrato entre o Abambres e os promotores foi apenas verbal. "Acreditamos nas pessoas e agora ficamos a arder", desabafou o dirigente da colectividade vilarealense.

A Topiklink, Agência de Espectáculos e Eventos, com sede na Rua José Dias Coelho, Lote 12, em Mem Martins, assim como o seu sócio-gerente Flávio Medeiros, desde a noite de ontem que não atendem os telefones aos que se sentem burlados, casos dos 20 comerciantes de restauração, gelados e minibares a quem a empresa alugou espaço a cerca de dois mil euros cada, exigindo-lhes que as bebidas fossem adquiridas à organização. Tanto o espaço como as bebidas foram liquidadas pelos comerciantes de imediato, tendo recebido em troca não um recibo mas uma proposta de encomenda sem qualquer timbre.

Ilídio Nunes, comerciante de gelados e farturas, veio do Fundão, contactado pela organização. "Investi mais de sete mil euros, e agora perdi tudo por causa duns vigaristas que nem o telefone atendem." Mas há mais comerciantes oriundos de S. João da Madeira, Marco de Canaveses e Penafiel que se dizem enganados.

O DN sabe que também grandes empresas poderão ter sido lesadas pela Topklink em milhares de euros. Alfredo Apolinário, inspector da UNICER, disse que a empresa estabeleceu um contrato com a organização do festival na ordem dos milhares de euros, na condição de todas as bebidas representadas pela empresa serem entregues aos que posteriormente as revenderiam aos comerciantes instalados no recinto. A empresa seria paga no final do festival. O mesmo aconteceu com a Iglo, representante dos gelados Olá.

A Câmara de Vila Real também foi lesada: as barreiras alugadas para segurança não foram pagas, assim como milhares de euros investidos no complexo sistema de abastecimento de água e esgotos no recinto pela empresa municipal EMARV. Mas toda a cidade sai prejudicada: são muitas as unidades hoteleiras que prestaram serviços que temem não receber. Além disso, as 20 mulheres contratadas para a limpeza nada receberam após oito dias de trabalho.

Já são várias as queixas apresentadas na PSP de Vila Real, não só por espectadores que adquiriram bilhetes, como por comerciantes que alugaram espaços e pessoas que prestaram serviços à organização e que foram pagas com cheques sem provisão.


in Diário de Notícias

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