terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Orçamento para o Teatro São João obriga a cortes no programa

Em declarações à agência Lusa, Francisca Carneiro Fernandes manifestou ainda alguma "esperança" na revisão da indemnização compensatória prevista para o Teatro Nacional portuense, que é de 4,9 milhões de euros (o mesmo valor do ano passado, e que se vem repetindo desde 2007, salienta a responsável).

Se essa revisão não se verificar, tal significa "estar a gerir e a programar numa situação de subfinanciamento completo". Francisca Carneiro Fernandes insiste em que aquele montante - a que acrescem, depois, as receitas próprias que o teatro conseguir angariar - "não é suficiente para as despesas mínimas e para o serviço público" que a instituição está obrigada a prestar.

Aquela responsável lembra que o TNSJ gere presentemente quatro edifícios - o próprio teatro na Praça da Batalha, o Carlos Alberto (TeCA) e o Mosteiro de São Bento da Vitória, para além de um quarto espaço para adereços e figurinos -, não compreendendo, por isso, que este encargo não esteja reflectido no orçamento.

Com estas limitações orçamentais, o TNSJ não permitirá ao seu director artístico, Nuno Carinhas, avançar com a programação que tinha delineado para 2010 - recorde-se que, em Dezembro passado, o São João limitou-se a apresentar a programação para o primeiro trimestre de 2010, alegando não ter garantias de cabimento orçamental para a temporada com o perfil desejado...

Além disso, acrescenta a administradora, terá de ser praticamente cancelado o trabalho de internacionalização das produções do TNSJ, como aquele que no ano passado levou a São Paulo, no Brasil, o espectáculo Turismo Infinito, da dupla António M. Feijó/Ricardo Pais, sobre o mundo poético de Fernando Pessoa. "É um retrocesso sério, que terá consequências sérias", não se sabendo se será depois possível "recuperar os passos para trás", acrescentou Francisca Carneiro Fernandes.

Também o número de récitas e o consequente fluxo de públicos que o Teatro São João prevê poder apresentar ao longo deste ano serão afectados pela situação orçamental. Assim, em vez das 409 apresentações realizadas no ano passado, em 2010 não será possível ultrapassar as 350, o que acarretará, admite a presidente do conselho de administração, uma perda de cerca de 20 mil espectadores (dos 77 mil de 2009 para os 56 mil previstos para este ano).

Este resultado é apresentado como a inevitável "consequência da questão orçamental", nota Francisca Carneiro Fernandes.

in Público

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