terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Companhias e criadores unem-se contra “falta de política cultural municipal” no Porto

“Há um desinvestimento muito grande da Câmara do Porto nas infraestruturas da cidade, em salas médias, para companhias que ainda se estão a afirmar ou que não são subsidiadas”, observou, em declarações à Lusa, Ivo Bastos, da companhia de teatro Palmilha Dentada, um dos mentores da ideia.

Assim, o movimento, que reúne várias companhias e artistas em nome individual e que recebeu a designação de “Variação da Cultura”, alugou a Sala - Estúdio Latino, do Teatro Sá da Bandeira onde, a partir de quinta-feira, começa a apresentar uma programação “continuada e diversificada”.

O aluguer é, para já, apenas por seis meses, porque foi esse o período para o qual foi possível “assegurar a programação”, mas também porque o projecto terá de passar por um “período de experimentação”, embora a vontade seja “para continuar”, refere Ivo Bastos.

“Queremos mostrar que esta cidade merece um tratamento um bocadinho melhor do que está a ter, ao nível da cultura, porque desapareceu a intenção de fazer cultura na cidade”, observa.

Em comunicado enviado à Lusa, o colectivo “Variação da Cultura” considera “insustentável” que, numa cidade com quatro escolas de teatro, não exista “capacidade de acolhimento aos jovens grupos que naturalmente se vão formando”.

O grupo refere, ainda, que “numa cidade que se pretende cosmopolita e dinâmica, é incompreensível não existirem infraestruturas capazes de acolher projectos de média dimensão, com as valências técnicas necessárias a um bom acolhimento de público”.

Nos próximos meses, as noites de quarta a domingo da Sala - Estúdio Latino vão ser ocupadas com espectáculos de teatro: quinta-feira é o dia um da programação, que começa com a reposição de “Norma”, da Palmilha Dentada. Está, ainda, prevista, a estreia de “O Escadote”, da companhia Tenda de Saias, de “Não”, de Hélder Guimarães e de “Rädda”, do colectivo Segunda Vez.

A programação inclui, também, as reposições de “Noites Brancas”, da companhia Chão Concreto e de “Confissões de um Carrasco Na Hora de ir para a Cama”, do Mau Artista.

As tardes serão ocupadas com espectáculos para crianças (durante a semana para escolas, e aos sábados e domingos para o público em geral). Já agendadas estão as peças “Xata”, da Tenda de Saias, “João Sem Medo”, da Confraria das Estórias, “Gil Vicente”, do Mau Artista, e “Caça Palavras”, do Teatro do Frio.

As terças-feiras, de Março a Maio, vão ser dedicadas a ciclos temáticos (de cinema ou dança), seguidos de conversas.

A organização estima que, ao longo dos seis meses da programação, “serão realizadas 220 sessões de 24 programas de 15 companhias e criadores diferentes, envolvendo 87 profissionais do espectáculo”, esperando “15 mil espectadores”.

in Público

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