quinta-feira, 12 de março de 2009

Massacre em escola alemã

É a mais grave chacina numa escola alemã desde há sete anos, quando uma rapariga matou 16 colegas. O novo choque chega de Winnenden, perto de Estugarda: 16 mortos no total e dezenas de feridos. Na Alemanha sobra a pergunta: porquê?

Um camuflado militar preto, encapuzado, uma Beretta 9mm na mão, automática, e uma vontade indómita de matar mulheres. Por que razão Tim Kretschmer assassinou friamente, com uma maioria de tiros directos à cabeça, 15 pessoas, ontem de manhã, na escola Albertville, em Winnenden, na Alemanha? Ninguém sabe, toda a gente está em choque, e na memória lateja de novo o banho de sangue do liceu alemão de Erfurt, há sete anos - uma jovem de 19 anos chacinou 16 pessoas, incluindo 12 professores e dois alunos, suicidando-se de seguida.

O caso começou às 9.30 horas (menos uma em Portugal), na escola estatal de Winnenden, perto de Estugarda, no sudoeste alemão, a zona mais rica do país. Tim Kretschmer, 17 anos, ex-aluno daquela escola secundária, dirige-se a uma sala de aulas e desata a disparar, aparentemente de forma aleatória. A Beretta não arrefece, recarrega-as várias vezes. Nove alunos morrem - oito eram raparigas, idades entre os 14 e os 16 anos -, três professoras levam tiros mortais na cabeça. O que motiva Tim, há um ano saído do liceu, aluno vulgar, solitário, dito inofensivo? Ninguém sabe.

"Este é um crime atroz", disse a chanceler Angela Merkle (ver reacções), decretando luto nacional. "Como todos, estou horrorizada".

Passaram apenas três minutos, mas Tim Kretschmer já disparou pelo menos 30 balas. A polícia chegará daí a 10 minutos, dois carros, polícia de intervenção . Tim deixa a escola, entra furiosamente numa clínica psiquiátrica vizinha, mata a primeira empregada que vê. Rouba um carro, sequestra uma pessoa, Beretta firme na mão, ordena que o conduza a Wendlingen, a 30 quilómetros dali. Pelo caminho, sem razão descortinável, dispara sobre vários transeuntes, dois morrem. Está já a ser perseguido pela Polícia de elite, há helicópteros na caça, são 10 horas da manhã.

Chegado a Wendlingen, Tim desfaz-se do carro e do condutor e enfia-se apressadamente num stand de automóveis. Há grande agitação, correrias, gritos, a Polícia já cercou o local, vai desenrolar-se uma intensa troca de tiros. Na gravidade da confusão, dois polícias são feridos, dois transeuntes atingidos mortalmente.

Não é seguro o tempo exacto da acção, Tim dentro do stand, cresce a Polícia em redor, dezenas de pessoas em pânico, mas sabe-se que tudo termina pouco depois do meio-dia.

A Polícia não sabe precisar se atingiu o homicida, quantas vezes o terá feito, e se esses disparos foram fatais, mas o desfecho vai chegar agora: fosse qual fosse o plano de Tim, 17 anos, sem namorada, solitário, um igual aos outros, ele nunca quis ser apanhado - encosta a Beretta à têmpera e suicida-se. Passam 15 minutos do meio-dia. A sua morte encerra o massacre: 16 mortos.

A Alemanha olha agora para trás para saber o futuro: o país tem uma política muito restrita de porte de arma, mas a Beretta de Tim era legal, pertencia ao pai. E agora?


in Jornal de Notícias

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