Quando um canal de televisão avançou o seu nome como Nobel da Literatura em 2005, Harold Pinter gracejou que provavelmente queriam dar a notícia da sua morte, mas enganaram-se. Desta vez, não houve qualquer equívoco no que a sua segunda mulher disse ao diário ‘The Guardian’: o escritor britânico, de 78 anos, morreu em casa na véspera de Natal, vítima do cancro que combatia há sete anos.
A debilidade do seu estado de saúde levou a que não tenha ido a Estocolmo para receber o Nobel da Literatura em Dezembro de 2005, fazendo um polémico discurso de agradecimento através de uma longa gravação de vídeo.
Na palestra ‘Arte, Verdade e Política’, que o autor de mais 30 peças de teatro gravou num estúdio televisivo, Harold Pinter descreveu os EUA como um país "brutal, indiferente e impiedoso", concentrando críticas em George W. Bush e nas mentiras que levaram ao derrube do regime de Saddam Hussein. "A invasão do Iraque foi um acto de bandidagem, um acto de evidente terrorismo de Estado, demonstrando um absoluto desprezo pelo conceito de leis internacionais", disse o dramaturgo, descrevendo o então primeiro-ministro britânico Tony Blair como criminoso de guerra por apoiar Bush.
Nos últimos anos, Pinter dedicou-se sobretudo ao activismo político. No cinema, a sua última aparição como actor foi em ‘Sleuth – Autópsia de um Crime’, remake do thriller de 1972, cujo novo argumento também assinou em 2007.
EM PORTUGAL DESDE 1962
A primeira obra de Harold Pinter representada em Portugal foi ‘The Dumb Waiter’, de 1957, encenada cinco anos mais tarde por Jacinto Ramos, numa tradução de Luís de Sttau Monteiro – que lhe deu o título ‘O Monta-Cargas’ –, com Carlos Nery e Filipe Ferrer. Essa peça seria também uma das várias que integraram um ciclo dedicado ao dramaturgo que os Artistas Unidos levaram a cabo entre 2001 e 2003.
O encenador Jorge Silva Melo, mentor dos Artistas Unidos, voltou a subir aos palcos para, juntamente com Américo Silva e José Airosa, representar ‘O Encarregado’, em 2002. No entanto, ‘The Caretaker’, outra das principais peças de Pinter, já tinha sido encenada em 1967, enquanto ‘O Porteiro’, com encenação e tradução de Jorge Listopad. Em 2005 estreou no Teatro Taborda ‘A Nova Ordem Mundial’.
SAIBA MAIS
ASCENDÊNCIA LUSITANA
Filho de um judeu sefardita, Harold Pinter dizia que o seu apelido provinha do ‘Pinto’ português.
1957
Escreve as suas duas primeiras peças: ‘The Room’ e ‘The Birthday Party’.
2001
É-lhe diagnosticado um cancro no esófago. No ano seguinte, removem-lhe o tumor e é submetido a quimioterapia.
APADRINHOU PALAVRA
Edições mais recentes do Dicionário de Oxford incluem a palavra ‘pinteresque’.
TAMBÉM ARGUMENTISTA
Harold Pinter recebeu nomeações para o Óscar de Melhor Argumento Adaptado graças aos filmes ‘A Amante do Tenente Francês’ e ‘Betrayal’.
A debilidade do seu estado de saúde levou a que não tenha ido a Estocolmo para receber o Nobel da Literatura em Dezembro de 2005, fazendo um polémico discurso de agradecimento através de uma longa gravação de vídeo.
Na palestra ‘Arte, Verdade e Política’, que o autor de mais 30 peças de teatro gravou num estúdio televisivo, Harold Pinter descreveu os EUA como um país "brutal, indiferente e impiedoso", concentrando críticas em George W. Bush e nas mentiras que levaram ao derrube do regime de Saddam Hussein. "A invasão do Iraque foi um acto de bandidagem, um acto de evidente terrorismo de Estado, demonstrando um absoluto desprezo pelo conceito de leis internacionais", disse o dramaturgo, descrevendo o então primeiro-ministro britânico Tony Blair como criminoso de guerra por apoiar Bush.
Nos últimos anos, Pinter dedicou-se sobretudo ao activismo político. No cinema, a sua última aparição como actor foi em ‘Sleuth – Autópsia de um Crime’, remake do thriller de 1972, cujo novo argumento também assinou em 2007.
EM PORTUGAL DESDE 1962
A primeira obra de Harold Pinter representada em Portugal foi ‘The Dumb Waiter’, de 1957, encenada cinco anos mais tarde por Jacinto Ramos, numa tradução de Luís de Sttau Monteiro – que lhe deu o título ‘O Monta-Cargas’ –, com Carlos Nery e Filipe Ferrer. Essa peça seria também uma das várias que integraram um ciclo dedicado ao dramaturgo que os Artistas Unidos levaram a cabo entre 2001 e 2003.
O encenador Jorge Silva Melo, mentor dos Artistas Unidos, voltou a subir aos palcos para, juntamente com Américo Silva e José Airosa, representar ‘O Encarregado’, em 2002. No entanto, ‘The Caretaker’, outra das principais peças de Pinter, já tinha sido encenada em 1967, enquanto ‘O Porteiro’, com encenação e tradução de Jorge Listopad. Em 2005 estreou no Teatro Taborda ‘A Nova Ordem Mundial’.
SAIBA MAIS
ASCENDÊNCIA LUSITANA
Filho de um judeu sefardita, Harold Pinter dizia que o seu apelido provinha do ‘Pinto’ português.
1957
Escreve as suas duas primeiras peças: ‘The Room’ e ‘The Birthday Party’.
2001
É-lhe diagnosticado um cancro no esófago. No ano seguinte, removem-lhe o tumor e é submetido a quimioterapia.
APADRINHOU PALAVRA
Edições mais recentes do Dicionário de Oxford incluem a palavra ‘pinteresque’.
TAMBÉM ARGUMENTISTA
Harold Pinter recebeu nomeações para o Óscar de Melhor Argumento Adaptado graças aos filmes ‘A Amante do Tenente Francês’ e ‘Betrayal’.
In Correio da Manhã, por Leonardo Ralha
Sem comentários:
Enviar um comentário