domingo, 12 de junho de 2011

Ladrões inventam novo golpe (só para autocarros)

A criatividade humana não tem fim. Numa época em que se multiplicam as fraudes cada vez mais sofisticadas envolvendo tecnologia e 'hackers', tem algo de reconfortante ver que ainda há quem roube por meios artesanais e com algum esforço físico. O último exemplo foi em Espanha, com dois ladrões que descobriram uma nova forma de aliviar de parte da bagagem quem viaja de autocarro.

Há cerca de um mês, começaram a ser reportados furtos durante a carreira que liga a cidade de Girona ao aeroporto de Barcelona. Computadores e outros objetos, sobretudo eletrónicos, desapareciam das malas. Mas como? Naquele trajeto de noventa minutos, climatizado e tranquilo, parecia improvável um golpe audacioso. A viagem era curta, as malas ficavam na bagageira. Tinham sido lá colocadas pelos seus donos, e eles retiravam-nas à chegada. A bagageira, obviamente, era verificado antes e depois. Obviamente, não havia lá ninguém. E no entanto, os furtos continuavam. Qual podia ser a explicação?

Só há dias se percebeu. Quando o autocarro chegou à gare norte de Barcelona, alguns passageiros estranharam uma mala volumosa abandonada na gare. Por qualquer motivo, o seu proprietário afastara-se dela. Chamada a polícia - os Mossos d'Esquadra, como se diz lá - foi aberta a mala. Lá dentro encontrava-se um homem que tinha na mão um telemóvel. Presumivelmente alheio. Deteve-se o homem, e não tardou muito a ser apanhado também o seu parceiro.

Krzysztof Grzegorz M. e Jouoastaw K, de 29 e 31 anos respetivamente, já aplicavam o esquema há algum tempo. Chegavam à estação do aeroporto e compravam um bilhete para Girona. Um único. A seguir iam à casa-de-banho e um deles metia-se dentro de uma mala. Embora esta fosse grande (90 cm por 50), era precisa uma verdadeira habilidade de contorcionista para lá entrar. Tanto mais que o artista media 1,78 m. Ainda assim, ele conseguia. O seu colega levava-o para a bagageira, e era só esperar que o autocarro partisse.

Uma vez sozinho, o homem saia da mala e começava a explorar as redondezas. Com uma lanterna e uma faca, abria as malas todas e sacava o que pudesse ter valor. Uma segunda mochila, mais pequena, servia para guardar os despojos. Depois voltava para dentro da mala e esperava pelo fim da viagem. Era bonito, mas acabou. Agora os homens estão presos e a polícia investiga que outros feitos terão cometido. Pelo menos num deles o cadastro já tem registos.

in Jornal Expresso

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