domingo, 31 de maio de 2009

Pai não sabe explicar porque matou filha

Sem explicações. A comunidade e a polícia ficaram estupefactas com o crime ocorrido na quinta-feira à noite em S. Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos. Um homem de 45 anos, gestor, tido por todos como um pai exemplar, estrangulou a filha de sete anos com o cinto do roupão sem motivo aparente. Apenas, segundo confessou à PJ, porque amava muito a filha e agiu num quadro de grande perturbação emocional, pois queria suicidar-se e temia pelo futuro da menina.

Nada fazia prever o acto tresloucado do homem, perpetrado no interior de um apartamento de uma urbanização da Praceta Aquilino Ribeiro, em S.Mamede de Infesta. João Pinto estava divorciado há um ano da mulher, que ficou com a custódia da criança. A menina, no entanto, era presença assídua em casa do pai. Frequentava a Escola do Ensino Básico da Ermida, a escassos 20 metros da residência do progenitor e os fins-de-semana passava-os em S. Mamede. O próprio foi buscá-la à escola ao final da tarde. "Como acontecia noutros dias, passaram aqui à porta os dois na brincadeira. Estou em estado de choque porque via-se mesmo que a relação entre os dois era muito estreita", afirmou ao DN Regina Alves, proprietária de um salão de estética. "Era gente de poucas falas e não tinham amizades por aqui. Mas eram educados, enquanto viveram aqui os dois, desde o nascimento da criança, sempre foram uma família normal", relata João Silva Reis, gerente do café desta urbanização. Há dois anos o casal separou-se.

João Pinto "adorava a filha, era muito simpático e muito carinhoso", diz outra vizinha que reside também no quarto andar, junto ao apartamento onde o crime aconteceu. Patrícia Marques refere contudo que não se apercebeu de nada de estranho. Mas o filho de 15 anos diz que "ouviu, já noite, o grito de uma menina". A verdade é que tudo terá acontecido entre as 17.30, hora em que foram vistos a passar na rua de regresso a casa, e as 23.00, altura em que João liga para a PSP a confessar que matou a filha e que ia cometer o suicídio.

Antes enviou uma mensagem através do telemóvel para a mulher a contar o sucedido. Ainda avisa o INEM e sai de casa deixando a chave da porta na caixa do correio. Maria João seria encontrada morta pouco depois. Estava no sofá da sala estrangulada e foram as suas duas irmãs gémeas, de 19 anos e fruto de um anterior casamento da mãe, que reconheceram o corpo. A mãe, residente em Gueifães, concelho da Maia, está a receber apoio psicológico.

Ontem, foram muitos os familiares e amigos que ali se deslocaram no sentido de a reconfortar. Um deles, afirmou à saída, "que João Pinto foi sempre um homem espectacular e um pai extremoso. O pai que qualquer mulher pode querer para os seus filhos e por isso estamos em choque porque não conseguimos compreender". Rosinda Antunes, da Protecção de Menores de Matosinhos, diz que "a menina não estava sinalizada" .

Detido pela PJ às 05.00 quando tentava afogar-se no mar, junto à foz do Douro, em Gaia, João Pinto foi presente a tribunal e ficou em prisão preventiva. O corpo da menina foi ontem autopsiado e será enterrado hoje em Penafiel, de onde é natural a família da mãe.

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