O segundo comandante da PSP, subintendente Henriques Almeida, adiantou à Lusa que a exposição dos livros estava a atrair a curiosidade das crianças que brincavam na zona - uma área pedonal no centro da cidade - cujos pais se mostravam incomodados com o facto.
As crianças, que ali brincam em grande número, terão visto o livro e começado a chamar outras para irem ver a pintura, o que levou as mães e os pais a chamar a PSP, acentuou.
«Havia possibilidade de haver discussões e mesmo desacatos entre os livreiros e os pais das crianças», afirmou, frisando que vários cidadãos se dirigiram ao piquete da polícia que se encontra «de guarda» ao Banco de Portugal queixando-se e ameaçando «tomar medidas».
Henriques Almeida diz que, pessoalmente, «não considera a reprodução do quadro como pornográfica», garantindo que não foi «censória» a intenção da acção policial.
«Decidimos agir»
«Se não tivéssemos agido e houvesse desacatos, éramos criticados¿ Assim, decidimos agir preventivamente», sublinhou.
O responsável policial garantiu que o caso será enviado, de seguida, para o Tribunal a quem competirá a decisão sobre uma eventual devolução dos livros: «Faremos o que o Tribunal disser», garantiu, frisando que, «se houver motivo para algum reparo a fazer aos agentes que actuaram, ele será feito».
O livreiro garante que o auto de apreensão considera o conteúdo da imagem como «pornográfico» e anunciou, hoje, que vai recorrer aos tribunais.
António Lopes adiantou que vai, também, enviar exposições ao Presidente da Republica, e aos grupos parlamentares da Assembleia da Republica: «Sei que a PSP não recebeu ordens do ministério da Cultura, mas a verdade é que se sentem, actualmente, à vontade para o fazer», afirmou.
Para o empresário, deve ter sido «a primeira vez que um livro foi apreendido depois do 25 de Abril».
O empresário é um dos sócios da distribuidora Inovação à Leitura, de Braga, que organizou a Feira do Livro em Saldo e Últimas Edições, que está a decorrer, até ao dia 8 de Março, na Praça da República - vulgo Arcada - no centro de Braga.
Segundo os especialistas, Gustave Courbet era já um pintor «conhecido em França pela sua destreza técnica mas sobretudo pela sua atitude crítica e corrosiva em relação à sociedade burguesa, que não perdia ocasião de afrontar».
Sem comentários:
Enviar um comentário